quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Criança, o Avô e o Passarinho

Muitos pássaros dão o toque de alegria nesta manhã, despertando a criança interior de todos nós.
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 Como gostava de pássaros quando criança. Era comum na época ver vários senhores carregando suas gaiolas pelas ruas, algumas encapadas para proteger o passarinho em muda, andavam como que desfilassem a exibir seus troféus . Alguns cantavem muito, como os curiós . Cantar na mão era o máximo . Seguravam a gaiola na palma da mão e elevavam para exibir o seu pássaro cantador para os demais.


Lembro que tive um passarinho , um papa-capim pardinho , bem  filhote. Tomava conta dele com muito carinho, quando tinha por volta dos meus 9 a 10 anos de idade. Conversava com o coleiro e ele como era novo não cantava, apenas soltava uns poucos grunhidos.


Um dia meu avô Quieroz  pediu para que soltasse o meu passarinho da gaiola. "Se você gosta dele deveria soltá-lo, ele quer ser livre para voar e encontrar seus amigos pela natureza". Então eu ponderei que tratava dele com cuidado e ele gosta de mim. Daí meu avô me provocou, "Se ele gosta de você ele não irá embora , ficará cantando por aqui pelas árvores, livre e mais feliz". Saiu e me deixou com este impasse.


Fiquei quieto e pensativo por umas duas semanas sem saber se seguia ou não as orientações de meu avô. Queria agradar meu avô querido, que me chamava da carinhosamente de "Santinho", mas por outro lado não queria me desfazer do meu passarinho.


Foi aí que numa manhã olhando bem próximo da gaiola, me deu a ideia de ir aos poucos abrindo a porta da gaiola . Nos primeiros dias abria a portinha e colocava meus dedos dentro da gaiola, e ficava  até ver o coleiro se acalmar no poleiro. Sempre olhando no seu olho e conversando com ele "eu quero te soltar, mas não quero que você fuja de mim".


E assim continuei fazendo, sendo que a cada dia ia abusando e colocando a mão dentro da gaiola, deixando a porta entre aberta e colocando meu nariz quase que dentro da gaiola e..., até que resolvi deixar a porta  aberta e fazer o grande e definitivo teste.


Numa manhã, acordei bem cedinho, logo que o Sol nasceu . Coloquei a gaiola no parapeito da varanda dos fundos (de frente ao nascer do Sol) e primeiramente conversei com o coleiro, sériamente , como que falasse com um coleguinha. "Olha vou abrir a porta , eu gosto de você e se você gosta de mim você vai só dar uma saidinha e dpois volta prara a gaiola. Tá legal?".


Deixei a porta totalmente aberta e fiquei a uns dois metros de distância, sentado com as pernas cruzadas, como na yoga , e aguardei estático,  torcendo para que ele não voasse para longe.


Lembro como se fosse hoje o momento mágico que ele chegou a portinha da gaiola , ficou balançando a cabeça vigorosamente para os lados e ao mesmo tempo girando, com aqueles movimentos quebrados de pescoço, e de repente ele para, vê a um palmo da porta, a sua frente, uma pedrinha transparente minúscula, reluzente ao Sol como se fosse um cristal, encravada no acimentado. Bruscamente dá um pulo, e começa a bicá-la  até retirá-la e ficar com ela brincando no bico. Aproveitei a deixa e com um suave movimento com a mão enxotei-o de volta para dentro da gaiola e respirei aliviado. 


Fui correndo contar para o meu avô, que me elogiou a coragem e pediu que continuasse, deixando ele passear um pouquinho mais, até que  se acostumasse e não precisasse mais ficar na gaiola fechada.


Conclusão dessa história:


A cada dia ia fazendo a soltura do passarinho de sua gaiola e ele ia aos poucos se familiarizando com o espaço e já voava por todo o quintal livremente. Deixava ele passear por cerca de dez minutos quase que diariamente e depois brincava de recapturá-lo e era divertido vê-lo se esquivar com fortuitos voos, como que me dando um olé.


Daí a vizinhança começou a perceber e a curiosidade de colegas vizinhos tornaram o momento da soltura, principalmente nos finais de semana, uma atração da rua (Zona oeste do RJ) . 


E finalmente numa manhã , minha casa sofreu um furto e levaram minha gaiola do coleiro e minha bicicleta. Fiquei muito triste e torcendo para que um dia ele fugisse e voltasse para mim, mas não ocorreu.


Meu pai para amenizar a situação me presenteou com uma nova bicicleta e um cabritinho branco, filhote, que me deu muita alegria e me ensinou correr como ninguém na pedreira que havia ao lado de nossa casa. Mais essa é outra história.


Bom dia, agora, sob a Luz de Nossa Senhora festejada no dia de  hoje 


.https://picasaweb.google.com/101364481023253903461/12DeOutubroDe2011#slideshow/5662561114218788834

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